Jovens
assumem homossexualidade cada vez mais cedo.
Por: Angélica Gomes
(Imagem: reprodução)
A
cada dia que passa jovens vem assumindo a sua sexualidade mais cedo. Apesar de
ainda existir uma imagem negativa sobre os homossexuais, a idade em que rapazes
e moças, contam pela primeira vez a alguém, que sentem atração por pessoas do
mesmo sexo, diminuiu muito nos dias atuais.
Para
Mary Meirelles, jovem de 17 anos, se assumir não foi uma tarefa muito difícil,
apesar de pensar que seria complicado, para sua mãe não foi surpresa alguma.
A
jovem conta que se descobriu após se apaixonar pela melhor amiga, e que desse
dia em diante soube que tinha algo diferente com ela, depois de muitas pesquisas
ela chegou à conclusão de que era homossexual, mas diferente de alguns jovens a
menina se sentiu aliviada apesar de no começo sentir um pouco de medo, a jovem
se sentiu muito tranquila se assumindo como bissexual, “é algo que me faz bem,
e eu não pretendo mudar isso” afirma.
Para
muitos jovens o processo de se assumir e de se alto aceitar não é muito fácil,
percebemos isso em inúmeros casos de suicídios causados pelos mesmos. Tal cena
é mostrada em um famoso filme chamado: Orações
para Bobby, baseado em fatos reais, onde
um jovem assume sua sexualidade pra mãe e acaba cometendo suicídio por não
suportar o desprezo da família em relação à sua orientação sexual.
O
adolescente Paulo Cesar Tavares de 16 anos, conta que pra se aceitar ouve um
grande processo. Com 10 anos Paulo começou a perceber que tinha algo de
diferente, pois não observava as meninas da mesma forma que observava os
meninos. “Era algo diferente, com eles eu sentia uma coisa diferente, era um
interesse maior mas eu não entendia muito bem aquilo”.
Com
o tempo o jovem foi notando que sua atração por garotos tinha uma explicação,
ele era homossexual. Mas o processo pra se alto aceitar não foi tarefa fácil,
afinal de contas ele e sua família tem uma doutrina religiosa muito rígida. “Até
eu colocar na minha cabeça, que eu era isso, até eu conseguir me aceitar, foi
todo um processo, tive aquela fase da negação até que chega uma hora que não dá
mais, a gente tem que aceitar o que é”.
Pais
Para
os pais, a tarefa de entender e aceitar um filho ou filha homossexual não é
muito fácil. A pesar de grande parte dos pais acabarem por aceitar seu filho,
pra muitos o choque em ouvir “eu sou gay” é muito grande.
Ivete
Cintra mãe de uma jovem assumida conta que no começo levou um grande susto, mas
que acabou aceitando tranquilamente o fato da sua filha assumir sua
sexualidade. “Eu levei um grande susto, afinal nem toda mãe está preparada, mas
acabei aceitando pois o que eu mais queria era que ela se sentisse bem. Não
adianta ela ficar com homens, se ela não está feliz”.
A
mãe ainda completa que acha um grande absurdo pais que expulsam seus filhos por
assumir gostar de alguém do mesmo sexo. “Eu acho um grande absurdo, pois isso
não irá interferir em nada no caráter da pessoa, e o que importa é seu caráter,
é ela se sentir bem, estar bem”.
Mary
Meirelles também ressalta o fato de existir muita descriminação e filhos que
são expulsos e acabam por serem vítimas de agressões tanto físicas quanto
verbal. “Nojo, ninguém escolhe ser assim, isso não é uma opção. As pessoas
deveriam pregar mais o amor”.
O
jovem Paulo também acrescenta ao fato das violência que jovens sofrem por conta
da sua opção. “Pessoas agridem verbalmente, agridem fisicamente, e verbalmente
pra mim traz um dano muito maior do que se fosse uma agressão física, porque traz
um dano psicológico, e um dano psicológico não é algo que a gente cure com
remédios, pessoas homossexuais como eu, não escolheu ser assim, não foi uma
opção, já nascemos dessa forma até porque ninguém escolhe sofrer”.
Já
para Dayane Lopes Dona de casa, esses jovens terá consciência de que estão
errados, pois a bíblia deixa bastante claro que o homem é para a mulher e a
mulher para o homem e que tal jovens se acertaram com o próprio Deus.
A
dona de casa deixa bem claro sua crença e o fato de não aceitar, mas
respeitar.” Eu respeitaria meu filho o Amaria acima de tudo, mas não aceitaria
que vivesse em minha casa com o suposto namorado”.
A coragem, O medo, A ajuda
Sandra
Munhoz líder do movimento de lésbicas e bissexuais da Bahia explica que a
coragem dos jovens cresceu muito, pois para os jovens estarem assumindo hoje a
sua sexualidade tem que se fazer um processo, pois antigamente não se podia, já
hoje com toda essa luta por respeito, por amor, todo o nosso desenvolvimento
conseguiu isso. “Eu acho muito importante o trabalho que a gente fez, porque
pra esses jovens hoje se assumir dá a cara a tapa teve muita gente que teve que
morrer”.
Mas
Sandra explica que esses jovens precisam de uma formação, pois não é só se
assumir. Para sair de casa, para contar sua opção sexual, muitos jovens tem que
entender que se mora com os pais, e que dependendo dos pensamentos dos pais que
na maior parte são adeptos a uma religião, fica muito difícil, pois o que mais
pesa são as questões religiosas tanto dentro quanto fora de casa.
Paulo
Tavares traz a questão do medo de se assumir pra os pais, exatamente pela
questão religiosa, já que seus pais são católicos e podem reagir de uma forma
negativa, pois a criação que sua família teve foi algo muito retrogrado, muito
antigo.
Pelo
fato de sua família ter pensamentos conservadores e o jovem querer a aceitação
de todos, o mesmo se ver em uma situação delicada, uma situação de medo, o que
o impede de contar. “Eu ainda estou me aceitando, até hoje eu não posso dizer
que me aceito totalmente, a minha família inteira participa da minha vida e eu
sei que eles não me aceitariam, assim como meu pai e minha mãe também não me
aceitaria”.
A
líder do movimento lésbico e bissexual, acolhe em sua casa, lgbts e mulheres ou
jovens que passam citações de violência por conta do preconceito que ainda existe,
há 10 anos ela faz esse acolhimento, e sua casa ficou em terceiro ranque de
pessoas que são acolhidas. “Eu estou com um jovem que é gay e o pai pôs pra
fora de casa, pois eu acolho essas pessoa sem ajuda de ninguém nem mesmo do
governo, essa é a minha militância”.
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